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Entrevista: Design Thinking e Gestão Pública em foco

10 de Novembro de 2016



O GGPOG e 1º Secretário da AGPOG, Newton Cerezini, fala sobre a importância do conceito na busca de melhores soluções para os serviços públicos

O Gestor Governamental de Planejamento, Orçamento e Gestão, Newton Cerezini, vai ministrar a palestra Design Thinking: uma forma de redesenhar serviços públicos com foco no cidadão no Seminário Nacional de TIC para a Gestão Pública – SECOP. O evento será realizado de 9 a 11 de novembro, em Manaus. Graduado em Administração, Cerezini possui especialização em Gestão Governamental com foco em Cidades e é formado em Design Thinking pela Design Thinking Academy e pela Echos Escola de Design Thinking. O gestor atua na Secretaria de Planejamento e Gestão – Seplag/PE há quase dois anos e, nesta entrevista, fala sobre o conceito de Design Thinking e sua aplicabilidade na gestão pública.

1 – O que é o Design Thinking e como foi que surgiu esse conceito?

Design Thinking é uma nova abordagem para solução de problemas com foco no ser humano. O economista Herbert Simon em seu livro “The Sciences of the Artificial” definiu o Design como uma forma de transformar condições existentes em condições perfeitas, mas quem primeiro utilizou o termo Design Thinking foi o professor de Arquitetura e Desenho Urbano da Universidade de Harvard, Peter Rowe, no seu livro “Design Thinking”. Na obra, ele descreve métodos e abordagens utilizadas por arquitetos e urbanistas para solucionar problemas.

2 – Como foi que você chegou ao Design Thinking?

Sempre gostei de estudar Inovação e o Design Thinking começou a aparecer nas empresas privadas como uma forma de trazer inovação para a solução dos seus problemas. Comecei a estudar essa ferramenta e fui atrás de alguns cursos em São Paulo. Fiz um curso online da Universidade de Virgínia também.

3 – Como o conceito é aplicado no setor público?

Se pensarmos direitinho, quem mais deveria solucionar os problemas focando no ser humano deveria ser o governo, já que sua função primordial é servir a população. Quando começamos a colocar o cidadão como foco na resolução do nosso problema, passamos a desenvolver serviços públicos que tornam mais fácil a vida do cidadão solucionando suas necessidades por completo.

 4 - De que forma o Design Thinking se relaciona com inovação?

O Design Thinking é uma ferramenta que ajuda a tirar as ideias do papel. Como é uma ferramenta muito interativa, ela quebra alguns tabus como “eu não sou criativo”, “criatividade é um dom”. Quando a pessoa participa de um processo de Design Thinking ela começa a ganhar Confiança Criativa, pois começa a tirar suas ideias do papel.

5 – De que maneira o Design Thinking contribui para a construção de cidades inteligentes?

Todo o conceito de cidade inteligente vai se passar na relação entre cidade, governo e cidadão. Como o Design Thinking ajuda a criar serviços mais centrados no cidadão, ele acaba sendo um dos alicerces das cidades inteligentes.

6 – Onde esse tipo de pensamento está sendo mais desenvolvido atualmente? E o Brasil, como está nesse processo?

Nos Estados Unidos, Nova Zelândia, vários países da Europa e também no Chile. Todos esses países estão investindo muito na inovação. Sabem que as necessidades dos cidadãos mudaram completamente e que a forma que o serviço público é oferecido tem que mudar. Nesses países inclusive existem laboratórios de inovação que ajudam a fomentar a inovação nos serviços públicos. No Brasil, já existem algumas iniciativas como o IGOVSP que é um laboratório de inovação em serviços públicos do estado de São Paulo. Temos a Rede Inovagov do Ministério de Planejamento Federal que está tentando criar uma rede que ajude a fomentar a inovação nos serviços públicos do Brasil. Em Pernambuco, existe o L.O.U.C.O. Laboratório de Objetos Urbanos Conectados. Ele funciona como um laboratório de inovação aberto para que estudantes possam vir propor suas soluções para a melhoria da qualidade de vida nas cidades baseado em internet das coisas. A inovação se tornou indispensável para a prestação de serviços para o cidadão e o governo que não perceber isso poderá perder um tempo precioso na busca de soluções para a melhoria de vida da população.

7 - O investimento para implantar o Design Thinking nas organizações é alto?

Os treinamentos em Design Thinking não precisam de um alto investimento. Inclusive as pessoas que participam dos cursos podem se tornar disseminadores e facilitadores em grupos de inovação. Um dos pilares do Design Thinking são os ambientes adaptáveis, aquelas famosas salas com pufs e post its espalhados por toda a parede. Essas salas ajudam as pessoas a se desconectarem do seu dia a dia e imergirem em um processo de desenvolvimento de soluções criativas. O investimento para um sala dessas chega a ser irrisório, e lógico já que estamos falando de criatividade cabe a cada um dar o seu jeito e fazer a sua “sala de Guerra”. Mas não ache que o processo consiste em apenas espalhar pufs e post its pela sala. Existe toda uma metodologia baseada na abordagem do DT (conhecida como duplo diamante) que faz com que todo o processo atinja seu objetivo no final, passando pelas fases de entendimento, observação e pesquisa, ponto de vista, ideação, prototipagem, teste e iteração.

8 – Que projetos estão sendo atualmente desenvolvidos na gestão pública de PE a partir dessa nova forma de se criar soluções?

Ainda estamos engatinhando nesse processo, mas já começamos a utilizar essa ferramenta nos planejamentos estratégicos que a Secretaria Executiva de Desenvolvimento do Modelo de Gestão - SEDMG realiza em outros órgãos do Estado. Se tomarmos o planejamento estratégico da Secretaria Executiva de Ressocialização-SERES, por exemplo, fizemos questão de ir conversar com os detentos do nosso sistema prisional para fazer com que o resultado final contemple todos os envolvidos.

9 – Desde quando o setor público tem se sensibilizado para o uso do Design Thinking? O que ainda falta para que a gestão pública o incorpore nas suas práticas?

Desde 2013 se nota uma discussão muito grande de como se trazer inovação para a Gestão Pública. Ainda existe uma certa resistência por parte de algumas pessoas sobre a efetividade do processo de inovação, mas mais cedo ou mais tarde ele acabará sendo implantado.

10 – Você poderia falar um pouco sobre a tua palestra no SECOP? E também sobre como você vê esse tipo de evento?

O SECOP é um evento de Tecnologia de informação voltado para a área de Gestão Pública. Sabemos que muitas das inovações que surgirão para melhorar a prestação de serviços pelo governo cruzarão seu caminho com a tecnologia. A palestra que ministrarei no SECOP aborda justamente essa interação dos serviços públicos com o governo. Focará em casos de sucesso que estão acontecendo pelo mundo e terá como sua meta principal abrir os olhos dos espectadores sobre as possibilidades de inovação no setor público. Espero que consiga causar o impacto necessário para que mais pessoas comecem a enxergar o cidadão como um ser único, complexo e que precisa estar sempre no centro de qualquer serviço prestado.

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